sexta-feira, 16 de julho de 2010

BUNDA, VAI TOMAR NO MEIO DA SUA DUNGA!



Uma última geral sobre o ex-treinador da Seleção. Uma análise objetiva sobre esse filho da p*** que me privou do prazer de torcer pelo Brasil na Copa pela qual eu esperei durante quatro anos.

Esquema tático:

Há muito tempo Dunga definiu qual seria seu esquema tático. Provavelmente em 1994. Os jogadores tiveram que se adaptar ao esquema e não o contrário.

Vamos aqui comparar as defesas de 94 e 98 com a de 2010:
2 zagueiros (Aldair e Márcio Santos; Aldair e Júnior Baiano; Lúcio e Juan), 2 laterais ofensivos (Jorginho/Cafu e Leonardo/Branco; Cafu e Roberto Carlos; Maicon e Michel Bastos) e 2 volantes presos (Mauro Silva e Dunga; Dunga e César Sampaio; Gilberto Silva e Felipe Melo). A ressalva fica para o bom jogador Michel Bastos (meia ofensivo no Lyon), que na Copa não atacou nem defendeu (substituído no mesmo nível por Gilberto no segundo tempo contra a Holanda), por esse "setor" começaram ambos os gols que viraram a partida em favor da Holanda, um na presença de cada lateral esquerdo (pareceram ambos, um de cada vez, orientados a não fazer nada na partida, cumpriram muito bem essa função).

16 anos de defasagem tática... Dunga ainda está apegado ao futebol do tempo em que ele jogava. Foi por isso que o Brasil perdeu? Não, a Holanda jogava bastante similarmente (com a pequena diferença que o lateral direito deles, van der Wiel, não apoiava tanto). Mas também foi um fator negativo, quando, pela qualidade de nossos jogadores, tínhamos boas opções para um meio-campo mais versátil.

Como colocado na resenha sobre as oitavas, o melhor jogo do Brasil foi contra o Chile, quando, pela ausência de Felipe Melo, Dunga foi obrigado a melhorar o time, entrou o mediano Ramires, que concedeu mobilidade, oferecendo mais opções ofensivas e adiantando um tanto a marcação. Infelizmente nada obrigou Dunga a perceber o progresso ou mantê-lo nas quartas. Retornamos a 1994 e fomos eliminados.

Futebol moderno: a Alemanha, com Khedira e Schweinsteiger, e a Espanha, com Sergio Busquets e Xabi Alonso, mostraram que o bom futebol passa pela qualidade dos volantes.

Opções de plantel:

A seleção pareceu ter levado apenas 13 jogadores à Copa: os 11 titulares, Daniel Alves e Nilmar. Com a contusão de Elano, Daniel virou titular e Ramires passou a ser o nosso décimo terceiro guerreiro (Eu sou brahmeiro! Eu sou guerreiro!). Com a suspensão de Ramires, ficamos com 12 e, como Zagallo bem ensinou a Dunga, tinham que ser 13!

15 minutos finais contra a Holanda:

Já havia trocado "seis por meia dúzia" com a entrada de Gilberto, que nada fez na partida, em lugar de Michel Bastos por causa do cartão amarelo e nosso querido mestre (ops! anão errado) fez apenas uma alteração. Nilmar em lugar de Luís Fabiano. Sim, perdendo entrou nosso único reserva intrigantemente para RECUAR a equipe (até se justificaria a entrada de um atacante de mais mobilidade em lugar de um mais fixo, dada a baixa numérica, se o queridão colocasse o meio-campo para frente e avançasse a linha de defesa, o que não aconteceu). Morreu com uma substituição por fazer, olhando e aguardando uma bola parada... Perdeu olhando. Perdeu esperando. Não tinha banco.

Adriano e Ronaldinho Gaúcho são jogadores excepcionais que no auge de suas formas seriam titulares absolutos desse time, não se empenharam tanto, Dunga arraigado do espírito punitivo cristão (bastante impregnado em nossa cultura) não os levou à África. Não estavam em forma, escalá-los de titulares seria repetir o erro de 2006, Dunga cometeu um erro diferente, não levou sequer para o banco dois jogadores que, se entrassem, seriam fontes de reais esperanças, em vez deles: Júlio Baptista e Grafite, que não inspiraram esperança nem em Dunga e não entraram... Reitero o que eu disse sobre o gol do título espanhol (que contou com a participação de três reservas): banco é importante.

Irônico isso... o time de 2006, a equipe do desdém (Copa, não tô nem aí!!!), morreu tentando contra a França (com uma cobrança de falta perigosa de Ronaldinho e Zé Roberto completando um cruzamento da direita); o time de 2010, a equipe do compromisso (Copa, morro por ela!), morreu olhando. Irônico. De fato, não faltou compromisso, mas o excesso de compromisso comprometeu o futebol da equipe.

Felipe Melo:

Quem é o volante raçudo, com vocação defensiva, que pouco se apresenta ao ataque, tem excelente passe curto e longo, participou das seleções brasileiras de base, é um cão-de-guarda, foi destaque na Fiorentina e não tem cérebro?

Se você pensou em Felipe Melo, acertou! Se pensou em Dunga, acertou!

É um caso de identificação, talvez algum psicólogo explique isso melhor que eu, mas Dunga se projeta e se enxerga em Felipe Melo. É triste, mas eu acredito que seja a verdade. Dunga se considerou tão importante em 94 e 98 que resolveu se convocar para 2010.

Quando todos percebiam que Felipe Melo seria expulso, porque já estava tomado pela raiva, Dunga, igualmente tomado pela raiva, se cegou e não tirou Felipe Melo de campo (porque se Felipe Melo era "ele", isso significaria que "ele" era o problema, e "ele" não tem problemas na opinião dele... "Algum problema?")

O mais interessante é que Felipe Melo se consagrou como Street Fighter na mesma partida em que ele deu uma das assistências mais preciosas de toda a competição. Que lindo passe para Robinho sair na cara do gol! Depois assistiu à cabeçada de Sneijder na pequena área e cravou os birros na perna de Robben com o lance parado.

Méritos:

O Brasil resgatou o orgulho de jogar pela Seleção e realmente acabou com os privilégios da Rede Globo. Dunga conseguiu os títulos da Copa América e da Copa das Confederações, que são títulos importantes também, pouco importantes, é verdade, mas não são desprezíveis. O time apresentou um contra-ataque bem treinado (espero que seja mantido pelo próximo treinador, afinal contra-ataque é uma das grandes armas do futebol moderno) e tinha grandes opções nas bolas paradas, cada vez mais importantes no futebol. Devemos manter o que foi bom e trabalhar em opções de jogo, implantar um sistema mais moderno e renovar o plantel. Espero que em 2014 prestigiemos o compromisso dos jogadores sem significar eliminar opções de qualidade para mudar o ritmo de uma partida. Que não seja a escalação do melhor time de Winning Eleven como foi em 2006, mas que também não seja a escalação dos 23 cordeirinhos que foi em 2010. Há de se buscar um equilíbrio.

1 comentário:

  1. Apesar de concordar com a maioria das coisas que vc escreveu, discordo muito de sua avaliação do Dunga jogador. O capitão do tetra foi um ótimo volante e ÚNICA figura pensante no meio de campo da seleção de 94. Volante de passes curtos e PRINCIPALMENTE LONGOS foi muito bem em 94. Em 98, já veterano, passou para a função de Mauro/Gilberto Silva. Volante de contenção que dava qualidade no passe da saída de bola. No time de 98 o segundo volante foi César Sampaio. Este fez uma excelente Copa, inclusive saindo pro jogo em ótimo nível.

    Não concordo que o esquema fosse tão defesado assim. Sergio Busquets joga como volante adiantado lá no Barça, na Fúria ele jogou de primeiro volantão ... marcando muito na frente da zaga e se apresentando pouco. Função esta exercida com muita propriedade pelo excelente Gilberto Silva na nossa selção. A comparação que pega mais é a qualidade saída pro jogo de Felipe Melo + Dani Alves vs Xavi + Xabi Alonso.

    Abraço

    ResponderEliminar